Quem foi pro IDE, projeto missionário promovido pela JUBACENTRO (Juventude Batista do Centro da Paraíba) na cidade de Damião-PB nos últimos dias de 14 a 22, sabe qual foi a música mais tocada e cantada nos momentos na sala de oração, ou nas devocionais. E nessa música, como muitos conhecem, existe um trecho que fala "Usa-me como um farol que brilha à noite". E o que encontramos naquela cidade foi realmente a noite. Ao chegarmos lá, vimos o quanto a cidade era tenebrosa e fechada, o quanto aquelas casas fechadas se mostravam antipáticas para nós. Depois do 1º ou do 2º dia andando pela cidade, começamos a ver como o povo ali era, vimos que a 1ª impressão não estava errada. Uma cidade tomada pela religiosidade, onde homens travavam guerras com outros homens, e aqueles que deveriam ser luz eram na verdade, apenas mais pessoas na escuridão. Após começar a entrar nas casas, vimos os rostos endurecidos e preocupados em ouvir a lei dos crentes, sem querer abrir mão de sua lei. Começamos os cultos, trabalhamos, trabalhamos muito, mas quanto mais trabalhávamos, menos parecia que as pessoas quisessem nos ouvir. Então, caímos em si e fomos buscar Aquele que já deveríamos ter buscado antes. Pedimos socorro ao nosso Deus, o Único que poderia fazer com que a mensagem que nós passávamos pudesse atingir os corações das pessoas, e Ele, em sua fidelidade, nos atendeu. Mais dificuldades apareceram, lógico, mas nada que pudesse evitar que o Evangelho puro e simples fosse exposto às pessoas. Nos encontramos com pessoas presas em seus lares, e sem nenhum tipo de contato com o Evangelho. Pessoas que não sabem ler, que vão à Igreja, mas nem sabem o que estão fazendo lá, nem o que se deve fazer. Pessoas que nem ao menos acreditam em céu e inferno. Já ouviram falar de um Jesus, mas não sabem pra que ele veio e morreu numa cruz. Na EBD, há algum tempo, costumávamos discutir se um índio, criado na mata, sem nem ouvir falar em Deus e em Jesus, iria ao céu depois que morresse. Mesmo sem saber o que é pecado, se ele teria culpa dos seus. E lá em Damião, foi isso o que encontramos. Índios, não pelo fato de viverem em tribos no meio da floresta, mas por não terem contato com o evangelho. E a nossa responsabilidade ali aumentava, pois tínhamos o dever de levar Jesus Cristo àquelas pessoas. O que naquele caso, ainda era raro para eles. E seguimos, acompanhando aqueles que abriam suas portas para ouvir o Evangelho. Pessoas até tentaram fechá-las, mas uma porta que Deus abre, ninguém pode fechar.Outro exemplo, que pelo menos eu vivi, era o de famílias que eram sedentas e famintas, não só de Deus, mas também de amor. Elas não ouviam o que falávamos porque tinham necessidades maiores, algo que ultrapassava o espiritual. A Palavra de Deus diz que a fé, se não vier acompanhada de obras, é morta. E realmente, é verdade. Como alguém irá abrir seu coração pra Jesus se está preocupada em como vai comprar as fraldas dos filhos, ou como irá gastar seus últimos centavos, com remédios ou com comida? É preciso suprir as necessidades das pessoas, e só aí, eles irão ver que Deus não é um deus de palavras, mas sim de ação. O amor demonstrado no Calvário pode ser demonstrado hoje por mim e por você. Não que precisemos morrer numa cruz, mas pequenas ações demonstram o mesmo amor. A renúncia de si mesmo pelos outros.
E quando renunciamos a nós mesmos em favor dos outros, milagres acontecem.
O milagre de ver pessoas que iriam se matar dispostas a recomeçar. De ver pessoas agredidas por quem amam dispostas a mudar de vida. De ver crianças louvando a Deus, quando até ontem não sabiam pra que tinham nascido. De ver pessoas conservadoras nas suas religiões surpresas ao descobrir que suas Bíblias têm o que nem imaginavam. De ver rostos magoados diante das necessidades resplandecendo ao ver o amor de Deus. De ver a luz surgindo onde só havia trevas.
E são esses milagres que nos motivam. Ver que realmente grandes coisas Deus pode fazer através de nós.
E as pessoas são tocadas, se alegram. Não foram poucas as lágrimas derramadas por aqueles que não queriam ver os que lhes deram esperança irem embora. Nós voltamos para nossas casas e vimos não mais uma cidade dominada por trevas, mas onde a luz de Cristo resplandecia em lares outrora perdidos. Mas não queremos que as lágrimas derramadas sejam em vão.
Existem ainda vários locais que ainda estão na escuridão. E somos farol. Um farol orienta os barcos a chegarem em terra firme em paz. Do mesmo modo, nós somos usados para orientar as pessoas a chegar até Cristo.
Quando estamos no escuro, e uma luz se acende, é incômodo no começo. Mas depois, nossos olhos vão se abrindo, e vemos que estar na luz é bem melhor do que estar na escuridão.
Existem pessoas que precisam da luz de Cristo. E temos essa luz. E realmente vale a pena levar essa luz aos que estão perdidos. E junto com a luz, levar o amor demonstrado no Calvário. O amor que nos resgatou.